6.12.10

Reciclando o Mundo

Em 2011 desejo que a gente entre pro grupo de gente que tá mudando o mundo pra melhor!

Quando falo de mudar o mundo não falo em mudar o mundo que a gente vê na tv, que a gente lê por aí. Falo em mudar o mundo que a gente encontra todo dia quando abre o olho. Quando fecha o olho. Principalmente quando fecha o olho.

Todas as pessoas que mudaram alguma coisa pra melhor, tinham uma urgência em salvar-se. Gandhi resolveu mudar o mundo quando foi vítima do preconceito do Apharteid. Anne Frank resolveu mudar o mundo quando foi privada do acesso a ele.

Tantos músicos, artistas, poetas, mudam o mundo apenas tendo necessidade de expressar toda a confusão mental do seu infinito particular.

Tanta gente todo dia muda o mundo quando dá um sorriso que ninguém espera, quando agradece quem te serve, quando respira fundo antes de revidar uma fechada no transito.

Tanta gente muda o mundo o tempo todo quando desliga a tv e vai ler, quando desliga a discussão e pede desculpa, quando desliga o foda-se e reflete.

Tanta gente muda o tempo todo no mundo e assim, o mundo muda.

Mudar o mundo começa aceitando que tudo é relativo, que os conceitos mais enraigaidos de nossa existência são, na verdade, ilusão e até mesmo o sistema como a gente acredita pode sim ser desconstruído como instituíção monetária cristalizada e reinventado com um foco na admnistração consciente dos recursos do planeta.

Tanta gente muda o mundo quando questiona, ousa, age. Ou quando simplesmente cala e encara o barulho de seu próprio silêncio.

Tanta gente muda o mundo agindo com respeito, justiça, cidadania.

A real é que tudo muda impreterivelmente o tempo todo. Inclusive o mundo. E, ainda que não positivamente, a gente muda o mundo a todo instante. Com o lixo que a gente joga, a água que a gente gasta no banho, a fumaça que sai do escapamento do nosso carro, a eletricidade que recarrega agora a bateria do meu computador.

A real é que a gente muda o mundo todo dia por que de fato a gente gasta o mundo todo dia.

Não seria bem razoável se nos preocupássemos simplesmente em reciclar o mundo?

A gente não destrói nossa casa um pouco todo dia. Se queima uma lâmpada, a gente repõe, se o chão tá sujo, a gente passa aspirador, se a cama tá desarrumada, a gente arruma.

Então por que cargas d 'agua a gente deveria continuar vivendo sem admnistrar o planeta da forma que ele deve ser administrado: como a nossa casa, que ele é!

Não é o governo. Chega de governo. quem é governo? Go o que? Somos nós. Um pouquinho de cada vez.

Gandhi não conseguiu a independência da Índia em um dia. Anne Frank não viveu pra ver o mundo mais justo que ela sonhava.

Pra mudar o mundo é preciso viver com alegria o caminho tracejado da mudança. Não esperando o fim, mas encontrando a plenitude no meio.

É hora de mudar o mundo de forma consciente. Um passo por dia.

Hoje o você começa a seprar seu lixo, amanhã pesquisa uma lâmpada mais econômica. Daqui quinze dias passa a comprar o sabão em pó que é biodegradável.

Depois cria o hábito de ler nas embalagens dos produtos se eles são justos. Como são fabricados, de onde vem, quem é a mão de obra?

Com o tempo não conseguiremos mais comprar ou usar nada neste mundo que não saibamos de onde vem, o que causa e pra onde vai. É quase óbvio, não?!

E nessa hora, passaremos a entender que a maior contribuição que Gandhi, Anne Frank, os artistas e os heróis deram para a humanidade foi, é, e continua sendo seu exemplo, que nos inspira constantemente a reciclar o nosso mundo.

Que é o todo, que é o uno. Dentro e fora. Sempre. Impermanentemente.

Recicle seu modo de viver, re-aproveite o mundo!

Sat Nam ;)


24.7.10

Fear of the dark

Por um instante estaneio. Cansei de ser mim. Esse medo que não me larga. Medo de tudo. Medo do todo. Medo de ser. Medo de existir, de não acontecer. Medo de inserir qualquer coisa que não faça. Medo de ter medo, já amedrontada. Tomada. Coração disparado na madrugada. Destes medos que crescem na escuridão. Medo do escuro. Dominada. Medo do tempo, da vida. De crescer e de não ser. Medo que seca a garganta, dói a alma, angústia. Medo que este medo não passe. Que ele seja meu pra sempre. Que ele seja a maior parte de mim.
No espelho o brilho do olho sumiu um pouco. Afoga tudo na cerveja que passa um pouco. Bebe pra esquecer o medo, ficar coragem. Lembrar dessa força que tá em algum lugar, afogada em lágrimas. Ainda que em volta tudo seja calma, a tempestade do centro da terra do plexo solar borbulha. Ou nem. Opaca tudo num eco surdo. Num brilho fosco. Num dia cinza. Ainda que faça sol. O que é isso que não faz parte do contexto, dos planos, da retórica? Um verso de fora, um raio aleatório, um fluxo invertido que transtorna o instante, que vira fase, fatiga.
Medo de ir. Medo de ficar. Medo de escrever e o que os outros vão achar. Logo eu?! Medo deste ser, de estar. De permanecer sem realizar. Medo que assombra, que assola, que abraça. Medo que medo causa, que medo causa? Que medo? Que causa?

Por um instante penso em Platão. Mas acho que é hora de um Prozac.

Sobra um vazio entre o peito e o umbigo. Falta fé? Tem tudo o quer e não tem paz. Capaz.

Estaneio...espero que passe.

Sat Nam ;)

22.6.10

Solstício do Amor sem fim

O dia não acaba nunca. A dor dentro do peito procura qualquer coisa que faça sentir a tristeza mais palpável, mais próxima.

O sol que tanto faz falta por aqui é hoje excessivamente brilhante e durador exaltando a estranheza que eu só quero que passe.

Minha vó escolheu um solstício de verão para contornar a curva da sua estrada.

Morreu dormindo. Do jeito que ela sempre quis. Saudável. Aposto que os exames dela eram melhores que os meus.

Uma morte pacífica, ultimo parágrafo de uma vida equilibrada.

A notícia vem de longe, atravessa o oceano pelo telefone e corta meu coração como uma espada. Não! Não!

Não há palavras, nem abraços, nem socorro, nem solução. Não há consolo pro que já não mais está, já foi, já era. Não há nada a fazer senão abrir as portas da alma e derramar o desconsolo.

Quando o soluço acaba falta tudo que se harmonize com a situação. Não estar lá é como não ter o direito de viver esta passagem totalmente.

A distância chama a culpa e a profundidade da tristeza dá vertigem.

Os conflitos, as dúvidas, as escolhas, remontam um tsunami confuso que deslealmente assola a existência.

Não há mais o que fazer. Não há nada a fazer. Desconcerto. E agora? Telefono. Quero ir correndo, nadando. Mudo o Voo? Telefone de novo. Choro. Choro. Choro. Decisões. Arrependimentos. Culpa, culpa, culpa.

As vozes tranquilas do outro lado dos incessantes telefonemas acalmam. Fortaleza, serenidade, sinceridade. Calma, paciência, fé. Amor. O carinho de quem está perto também faz efeito e a auto-agressão dá espaço há um novo pranto.

Um pranto de saudade. De muito amor. De gratidão.

No filminho das memorias os momentos especiais, os natais, as páscoas, as férias. As geléias, as goiabadas, as conversas.

De repente tenho seis anos, o sol acaba de raiar. Estou no meio da cama deles. Vovó com o terço na mão explica os mistérios gososos - que eu jamais iria entender.

A primeira metade da Ave-Maria somos eu e ela que rezamos. Na segunda, eu e o vovô. Meu mundo é simples e abencoado.

O perito que foi atestar o óbito disse que ela moreu mesmo dormindo. Não houve a menor tentativa de acordar.

Imagino que o vovô tenha chegado ali rezando a segunda metade da Ave-Maria com os abraços abertos “Santa Maria mãe de Deus rogai por nós os pecadores, agora e na hora de nossa morte”… e ela tenha ido com ele. Amém.

Minha mãe tem certeza de que agora que vovó chegou no céu, está havendo uma festa.

A música das bandeirantes não me sai da cabeça :

Sobe as chamas, sobe as chamas. Mais alto! Mais alto! Iluminam, alegram nossas vidas, nossas almas.

Enquanto o ritual vai acontecendo de longe e os tefonemas fazem a ponte, o carinho de perto ajuda.

A música segue se repetindo.

Sobe as chamas, sobe as chamas. Mais alto! Mais alto! Iluminam, alegram nossas vidas, nossas almas.

O sol já não parece mais tão castigante. O céu azul deste dia lindo homenageia esta bandeirante que parte em paz em viverá pra sempre em nosso amor.

Lúcia Braga Arcuri 08/07/1926 - 21/06/2010

Obrigada Vó, pelo amor, carinho e exemplo em curar a si mesma, elevar aos demais e contribuir com a evolução positiva da humanidade. As qualidades da alma são eternas e sua luz vive em nós. Te amo.

O dia demais comprido do ano acaba. E a vida - ainda que eu não saiba como - continua.

'A morte é apenas uma curva no caminho'.

Sat Nam ;)

20.5.10

2010 – O FIM DE UM MUNDO?


Por Carlos Maltz

Como você já deve ter percebido, 2010 começou forte. Parece que a Natureza “ligou o turbo”. No consultório, voltei de um mês de férias e encontrei a maioria das pessoas vivendo uma aceleração radical em seus processos existenciais. Em português simples e claro: “o bicho tá pegando”.

E a Astrologia, esta velha senhora, o que tem a nos dizer nesse momento? Ela pode nos auxiliar de alguma forma a compreendermos e nos posicionarmos melhor em relação ao que está acontecendo, e ao que há de vir?

Do alto de seus 5.000 anos de idade, dona Astrô não se abala muito com pouca coisa. Já viu impérios outrora indestrutíveis virarem ruínas...
Já viu civilizações que antes ditavam as regras, virarem pontos turísticos... Viu demônios virarem santos, santos virarem demônios, metalúrgicos virarem presidentes, astros do rock virarem astrólogos, políticos outrora muito populares virarem Judas... Enfim... Ela já viu de tudo... E sabe que “a vida vem em ondas como o mar”... Vem e vai... Vai e vem...

Dona Astrô pode nos auxiliar muito num momento desses, em que a corda está esticando. Pode nos lembrar de que isto é um ciclo, e que os ciclos têm a sua natureza, necessidade e duração.

E que ciclo é esse?

Teremos em 2010, mais precisamente no final de Julho de 2010, um alinhamento que (felizmente) não acontece todo momento.

Urano, planeta regente do signo de Aquário, um dos três “deuses da mudança”, geralmente associado à processos de quebras e rupturas radicais em modelos vigentes, completa uma volta e chega ao primeiro grau de Áries, que é também o primeiro grau de todo o Zodíaco. Só isto, já é um acontecimento astrológico significativo, que marca um momento de renovação.

Junto á Urano, vem Júpiter, considerado pelos antigos, como o grande “benéfico” do Zodíaco, também está associado á avanços em paradigmas ideológicos.

No início de 1762, os dois astros estavam alinhados no primeiro decanato do signo de Áries. Este ano é marcado pelo inicio da guerra entre Espanha, maior potência naval da época, e a Inglaterra, que passaria a ser a nova potência maior. O grande império ibérico caminhava para o fim, e o nascente império anglo-saxão começava a despontar.

Em 1845, Urano e Júpiter encontraram-se mais uma vez nos primeiros graus de Áries. Naquele ano, o parlamento britânico promulgou a “Lei Aberdeen”, que foi um passo decisivo para a futura libertação dos escravos, evento que também, sem dúvida nenhuma, foi paradigmático para os padrões da época, e iniciou um novo ciclo para a humanidade, visto que teve um impacto profundo nas relações sociais e econômicas dali para frente.

Em Julho de 1927, novamente Urano e Júpiter chegavam aos primeiros graus de Áries. Aquele foi um ano marcado pela primeira travessia sem escalas do Atlântico, realizada por Charles Lindbergh em seu “Spirit of Saint Louis”. Evento que sem dúvida deixou o mundo muito “menor” do que era até então. Aquele ano também foi marcado por acontecimentos políticos radicais que tiveram importância capital nos desdobramentos futuros. Em Agosto, uma revolta do exército chinês dá origem ao que viria ser o “Exército Vermelho”, que teve papel fundamental na revolução que transformou a face e a história daquele antigo país, e está na base do peso que ele tem hoje no planeta. Naquele mesmo ano, Benito Mussolini promulga a “carta do trabalho”, que transforma a Itália em estado corporativo, e abre as portas para o Fascismo, e Josef Stálin, após expulsar León Trotsky, torna-se líder absoluto do PC e da URSS. Novamente, um mundo estava terminando, e outro estava começando.

Como podemos ver, este alinhamento marca o início de uma mudança radical. As pessoas estão fazendo barulho á respeito de 2012, mas na verdade, o mundo acaba mesmo, é em 2010. Pelo menos o mundo tal qual o conhecemos até aqui.

O céu de 2012 não apresenta nenhum aspecto astrológico radical. Nenhum que chegue próximo ao que teremos esse ano.

Se não bastasse o encontro de Júpiter e Urano em Áries, que como vimos, marca novos momentos politico-ideológicos, temos ainda a posição de Saturno, senhor do tempo e das colheitas nos primeiros graus de Libra, fazendo uma “oposição” exata á conjunção Júpiter-Urano. E Saturno não está só. Com ele vem Marte, como todos sabem, o senhor da guerra. Se isso tudo não bastasse, Plutão, outro “deus da mudança”, implacável e compulsivo, faz uma “quadratura” á esse povo todo, nos primeiros graus de Capricórnio, outros signo “Cardinal”.

O céu está pesado. De todas as conjunções anteriores que eu citei, essa é, sem dúvida, a mais tensa e a mais radical. O velho e o novo estão cara-a-cara para um confronto que já se anuncia há uns três anos. E agora não tem mais como “empurrar com a barriga”, “não tem mais pra onde correr”.

O que está vindo pela frente?

Quem tiver olhos, verá... Um velho mundo morrendo, e um outro, novo,nascendo...

Todos já estamos sentindo a onda gigante de renovação que está chegando...

As mudanças acontecem em todos os níveis: no planeta, em nosso país, aqui no DF e também, como não poderia deixar de ser, em nossos lares, consciências e em nossas vidas. Todos gostam de mudanças planetárias, mas quase ninguém gosta quando elas começam a acontecer em nossas vidas, de verdade.

Quase todos nós, conscientes disto ou não, admitamos isto ou não, somos apegados aos modelos e estilos de nossas vidas, por mais deficientes e causadores de sofrimento que eles sejam. Faz parte de nossa natureza.Somos todos, mais ou menos conservadores. Basta ver quando algo realmente novo chega a Terra, a reação contrária que causa, e a pouca adesão que conquista, num primeiro momento.

O Cristianismo hoje é uma potência política e econômica, influindo em governos, movimentando bilhões e capitaneando guerras. Mas no começo,
se limitava a doze pessoas, e durante quinhentos anos, ser simpático a esta idéia era motivo bastante para mandar alguém ser almoço dos leões.

Só que tem momentos, que é mudar ou mudar. E esse é um desses momentos.

Todo esse transtorno e esse “rebuliço” em nossas vidas são as mudanças chegando e batendo na porta dos nossos velhos estilos de vida, que se defendem como podem. Com unhas e dentes, como Saturno e Marte sinalizam.

Será que estamos dispostos a mudar? Será que sabemos o que precisamos mudar? Ou será que ainda estamos pensando que os problemas em nossas vidas são causados pelo ex, pela ex, pelos filhos, a sogra, pelo Lula, pelo Arruda, por nossos inimigos, Deus, o diabo, etc.?

A Tsunami da transformação planetária está batendo na praia. Ou pegamos essa onda e vamos com força para a frente, ou ela nos pega e quebra a espinha dorsal de nossas resistências. A hora de mudar é agora. Se a sua vida já está de pernas para o ar e você não está dando conta sozinho, procure ajuda. Um médico, padre, psicólogo, terapêuta, astrólogo, um amigo de verdade... Enfim, alguém que possa te ajudar a se enxergar, que nós não viemos equipados de fábrica com espelho retrovisor. Somos todos muito hábeis para enxergar cisco no olho do irmão, e cegos para ver a trave em nosso próprio olho...

Boa sorte
amigos, e coragem... Toda força à frente que o novo nos espera... E sua urgência ruge...

C.Maltz. - Carlos Maltz e' ex Engenheiros do Hawaii, ex- materialista e ateu, astrologo, psicologo, yunguiano, engracado e escreve demais. Virei fanzassa do cara, vale a pena dar um role no site dele:

www.carlosmaltz.com.br

25.4.10

A vida acontece mesmo

A vida acontece. Mesmo de domingo. O frio castiga um pouco menos. O sol dá o ar da graça. O céu azul, ahhhhh o céu azul. As flores causam sorrisos. Oferecem suas cores, suas texturas, suas risadinhas mudas. Graciosas, transparecem uma despreocupação de dar inveja, uma confiança na incerteza, um brilho interno de quem sabe ser perene sem se render ao medo.

Minha amiga está triste e eu não posso abraça-la. Me dá um aperto no peito essa distância quando tudo o que eu queria era abraçar. A vida acontece. Mesmo com a distancia. Mesmo do outro lado do oceano. De todos os lados, de todos os oceanos. Mesmo no vácuo. A vida acontece e eu só queria ser poder me teletransportar pro almoço com a família, pra sexta a noite no bar.

A vida acontece ao meu redor enquanto tento inventar um tema, uma ficção, um poema. Qualquer coisa mais interessante do que a vida que acontece dentro de mim. Tento fugir pra um universo paralelo, mas é sempre do mesmo lado do espelho que me encontro.

Mudo o ponto de vista, a vista da janela. Troco de casa, de país, de opinião. Decido, re-decido. Des-decido. E enquanto não sei o que faço a vida acontece e não sei se é assim tão belo delatar o que me passa. Metaforas. Esquemas. Um personagem, quem sabe.

Mas a vida acontece e eu só sei falar do que sinto. Reflito. Saudade. Saudade. SAUDADE. A tatuagem que eu nunca fiz e que não me deixa. Vida vem, vida vai e até de gente que não conheço eu tenho saudade. Uma saudade esquisita da vida que acontecia quando eu era uma outra versão de mim. Mais próxima do meu próprio alcance. Um pouco mais distante do que eu queria ser.

Não que eu quisesse voltar, porque compreendo que vida aconteça. E agradeço o que está aconetcendo. Gosto. Mutio. Só queria passar nesse tempo de vez enquando. Pra relaxar no sofá da sala sabendo que estamos os quatro ali. Juntos.

A vida acontece enquanto a gente cresce e a gente nunca sabe bem o que vai ser. Planejo a semana, faço a lista de compras, calculo o orçamento. Arrumo a cesta do piquenique, a vida acontece e a chuva cai. O vulcão boceja e meu amigo tá na Russia, doido pra esse vulcão continuar urgindo enquanto ele se esbalda em Moscou.

Depois que a chuva estraga o piniquenique o sol aparece e vou meditar. Meus amigos que o vulcão prendeu em Genebra voltam de carro. A vida acontece diferente e no fundo a gente adora. Pra que viver assim sem aventuras?

A vida acontece. Nesse mundo. Num mundo qualquer. Numa realidade sincera. Numa viartualidade paralela. A merda da conexão do skype é um fio sutil que me liga a uma saudade real, uma realidade saudável, minha verdade impermanente, original, sincera. A merda da conexão do skype caiu e eu fiquei no vácuo.

E a vida continua acontecendo.

Se uma tempestade solar acontecer - por que não, depois do vulcão de nome impronunciável, pode ser - todos ficamos a ver navios. Já ficamos sem ver aviões por uma semana! A tempestedade do sol seria capaz de arruinar TODO o sistema de energia elétrica. Eu disse TODO. Sem comunicação, será que a vida acontece?

A vida acontece. Mas se com o skype ruim já dói mais a saudade, se o sol esperniar a casa desabou!

Enquanto a vida acontece. A vida vai sempre acontecendo. Mesmo que seja domingo. Mesmo que o vulcão se espreguice. Mesmo que seja tarde. Mesmo que a saudade doa. Mesmo que as flores muchem, que a primavera termine. Mesmo que aquele tempo não volte nunca mais. Mesmo que.

Sat Nam ;)

17.4.10

Bolas

O que me assemelha na tela do computador refletida é o branco do olho em que alma se esconde da pupila que revela. Um qualquer misterio ocluso em que raça, cor e credo nada pouco ou nada contam a tirar disso um preconceito justificado.

Bolas por toda a parte. Bolas. Oras bolas, porque? Bolinhas, bolões...não bastasse o pesadelo da gente que se atropela durante a correria dos dias inúteis, os verdadeiro dias úteis, os quatro ou cinco em que há, verdadeiramente sol essas bolas a nos atormentar.

Todo ano me asrrebata este mesmo fascínio pela mudança das estaões. O sol brilha, as flores nascem, é permitido ser feliz. Não se pode ficar na cama, dentro de casa, o céu azul é um chamado insistente, um apelo indiscreto para tirar o atraso, o mofo, a disposição do fundo da gaveta.

Sacode a poeira dos patins, guarde os casacos de pena de ganso debaixo da cama. Vista um par de gafas de sol, pegue sua canga e se depare com a quela parte de você que parecia se esconder debaixo da camada adiposa branquela causada pela dose diária de kit kats, kinder buenos e afins.

Parque, amiga. No singular já basta, no plural é bom também. Botella de vino, taça de vidro. O dia só acaba as 8 da noite e essa gente não tem fim.

Embora, bolas, elas estejam por toda a parte, é tão prazeroso o anonimato, a fantasia de observador, o absorver de ser autor. Narrar, descrever, quase infirngir direitos, transpor limites de privacidade com a imaginação boladora que não tem a menor compostura, ora bolas.

Bolas? Pra que as quero?

Daria umas bolas num baseado, se me piacerebe, daria bola pra uma gato, se fosse o caso. Mas bolar um desenrolar de enredo desconexo num encaixar palavreado é que me encanta, ora bolas.

Bolas...

Sat Nam ;)

9.4.10

(outra) Sexta, 18:48

Acontece. A temperatura aumenta. Os casacos e as expressoes vao ficando mais leves. Ate parece que fica mais facil sorrir. E fica mesmo, nao ter mais que contrair.

Acontece mais um ano ha' 98 dias que nao cansam de parecer ontem.

Acontece tudo outra vez. Muda tudo de novo. Uma rotina cansativa e empolgante esta que nao para de acontecer. E mudar. E ser.

Acontece. A-con-te-ce. Acontece e e' agora.

Acontecamos.

Ame'm

Sat Nam ;)

12.3.10

Sexta, 17:57

o que o que o que, eu sento aqui tentando dizer. que a vida eh boa, que a vida bela, que ela esquisita, que ela eh ela. Fico achando que sou poeta, querendo poetizar...fico me fazendo de quieta, driblando a paciencia pra nao surtar.

as vezes me parece que a vida ainda vai comecar, na proxima segunda, depois do verao, quando eu voltar.

olho em volta, escrevo em frente, ando nao sei pra que lado.

o mundo ta girando, eu ja pedi pra ele parar, ele nao me ouve e eu me sinto sempre um pouco fora de mim, meio pouco pra tudo isso, meio errada, quase nada afim.

enfim...eu sento aqui pra escrever. dizer que a vida eh uma explosao de todas as coisas que perco tempo tentando entender.

os passaros cairam do ceu, o barco ta afundando e antes que a casa caia, sugiro que a gente saia gastando tudo que tem preco.

com pressa, que o Planeta Sugao esta chegando.

sexta-feira a gente deveria sair mais cedo do trabalho, ir pra casa, assistir Sex and the City comendo brigadeiro, ficar super afim de ser a Carrie e se ligar que, comendo brigadeiro e vendo televisao, ta cada vez mais longe de ser-la.

eu troco o prazer de comer pelo prazer de me ver...o que o que o que...so segunda feira, no verao ou quando eu voltar.

e viva a Era de Aquario!!!

e viva hoje!!!

ha-ha-ha

eu devia escrever um livro.

Sat Nam;)

10.3.10

...

Ando pela rua feito uma botanica louca, procurando asperamente pelo primeiro brotinho da Primavera e tudo o que vejo sao combinacoes apaticas de marron, cinza e branco. Vez ou outra um vermelho colore, no baton, no cachecol, no sapato. Uma ousadia em meio a tanta la e tanto tempo a menos zero.

Chega de passar frio. Chega de musculos contraidos, bochechas rosas, narizes congelados. Chega de abrir a porta de casa e entrar na geladeira da rua. Chega de tremer, chega de encapotar, chegaaaaaaaaaaaaaaaaa.

E hora do inverno ir e da nossa prima Vera chegar.

Enquanto isso, sigo no modelo botanica-louca, inspecionando cada galho, cada tronco, cada passarinho.

Sat Nam ;)

8.3.10

Parabens pelo desempenho.

Essa eu dedico pras mulheres de verdade. Das nossas. Porque nao e facil ser a gente.

Uma carta as feministas.

Caras companheiras, gostaria em primeiro lugar de agradecer por tudo que fizeram por nos, as proximas geracoes de voces.

Obrigada pelo exemplo, coragem, persistencia e luta. Obrigada pelo voto tambem. E por mais todos os inumeros direitos civis que voces nos conseguiram e que eu nao lembro ou nunca soube.

Gostaria apenas de dizer que aqui no seculo 21 ficou um pouco dificil ser assim tao feminista. Talvez seja meio mulherzinha demais da nossa parte, mas estamos pensando em recuperar algumas partes perdidas ao longo do movimento.

Assim que, venho por meio desta comunicar-lhes a criancao de um novo movimento, o das Feministas Retro, para a mulher que acha que trabalhar meio periodo eh ideal.

Sei que a ideia vai causar polemica e, de maneira nenhuma, queremos derrubar os direitos de nossas colegas que adoram fazer serao, trabalhar de fim-de-semana, ter dois empregos ou fazer jornada dupla entre trabalho e tarefas domesticas.

Nossa intencao eh apenas reinstaurar o equilibrio do planeta.

Explico.

Reducao do desemprego: com mais mulheres trabalhando meio periodo, sobra mais emprego, tanto para os homens quanto para outras mulheres que tambem desejam trabalhar meio periodo.

Reducao das criancas malcriadas: eh provado que criancas que passam mais tempo com as maes sao menos carentes de atencao e assim, mais obedientes e menos chiliquentas. (Alem disso, babas podem estudar na outra metade do periodo e avos podem finalmente descansar, ao inves de serem maes outra vez).

Reducao de problemas de saude (e tambem da celulite): com mais tempo para se cuidar, as mulheres poderao nao apenas praticar esportes regularmente, mas tambem ir ao medico, dentista, fisioterapeuta e afins.

Eh claro que, para que isso seja possivel, eh necessario que os governos e populacoes se unam e participem, criando precos especiais para mulheres, da mesma forma que ja existe com estudantes e idosos.

Bem minhas amigas, por enquanto eh isso. Espero que voces levem em conta que os tempo mudaram e por razoes climaticas, metereologicas, astrais e tepemisticas nao eh mais assim tao glamuroso ter deveres iguais aos dos homens.

Precisamos de um reformulacao. Uma reivencao do Feminismo. E eh exatamente isso que o Feminismo Retro vem propor: um retorno as partes boas das origens.

De qualquer maneira meninas, parabens pelo seu e pelo nosso desempenho. A gente brilha (ainda que o cabelo as vezes nao!).

Ah, ps: apesar de toda aquela historia de incendio na fabrica e homenagem as funcionarias mortas naquele tal 8 de marco, que graca tem ter um dia so nosso que eh igual a todos os outros? Ano que vem feriado, neh?!

Sat Nam ;)

24.2.10

Ruptura Conceitual

"Se está a sentir-se bloqueado por um problema, precisa de uma ruptura conceitual. As suas respestos habituais não se revelam suficientes."

Tem gente que por si só já é uma própria ruptura. Um conceito rasgadíssimo. Uma atitude original. Aquela coisa unique.

Alguém importante (que da memória me escapa) ja dizia: pra ser genial é preciso ser sozinho.

Faz sentido.

De opinião e conselhos pode-se alcançar a camisa de força. O troféu do enquadramento. A habilidade oca de gradar aos outros (todos) e desegradar a si mesmo.

Filosoficamente falando a busca por aprovação - ou necessidade de auto-aformação - é uma retórica cruel e enfraquecedora.

Melhor se meter na terapia.

É aquela velha e boa história do caminho que é só e único. E ainda que todo mundo queira tomá-lo como Coca-Cola, pode ser interessante devorá-lo num shot de Tequila, degustá-lo como frapê de Côco, ou ainda numa versão on the rocks, on the rocks, on the rocks.

Depende de quem observa e como absorve.

Sat Nam ;)

21.2.10

Desfaço as malas

Desfaço as malas. Tudo ainda está pelo quarto. Espalhado. Penduro um colar na parede. Um frase se forma. Alguma coisa faz sentido. Abro a segunda gaveta, encontro a inspiração caída num canto, amassada e amarela. Atrás da camiseta de listras, no fundo da cuca, num pensamento distante que vem. Entre o amor e a dor.
Desfaço as malas. Não sou mais a mesma. Eu nunca mais sou a mesma toda vez que desfaço malas. Na tentativa incessante de reorganizar o quarto e o pensamento e a vida, falta espaço, sobra coisa. O rumo tá fora do trilho.
Desfaço as malas. Me desfaço de algumas roupas. Tomara me desfaça de alguns medos. O espelho novo reflete a mesma imagem. Invertida, confusa, um pouco menos pálida, um tanto mais loira. O espelho é novo e as velhas dúvidas ali refletidas entregam.
Desfaço, por fim e de vez, as malas. Guardo-as em baixo da cama. Dentro delas qualquer coisa que não quero resolver. Quem sabe se transmute, no fundo falso sem fim. Quem sabe vire uma calça jeans, uma poeira apenas, um parágrafo inteiro, uma idéia brilhante, um ticket pro país das maravilhas. Quem sabe desintegre.
Desfaço as malas, faço um texto. É a inspiração que se espreguiça.

Desfaço as malas. As malas não se desfazem.

Na verdade Já não sei mais se desfaço as malas ou se elas é que me desfazem.

Sat Nam ;)