25.4.10

A vida acontece mesmo

A vida acontece. Mesmo de domingo. O frio castiga um pouco menos. O sol dá o ar da graça. O céu azul, ahhhhh o céu azul. As flores causam sorrisos. Oferecem suas cores, suas texturas, suas risadinhas mudas. Graciosas, transparecem uma despreocupação de dar inveja, uma confiança na incerteza, um brilho interno de quem sabe ser perene sem se render ao medo.

Minha amiga está triste e eu não posso abraça-la. Me dá um aperto no peito essa distância quando tudo o que eu queria era abraçar. A vida acontece. Mesmo com a distancia. Mesmo do outro lado do oceano. De todos os lados, de todos os oceanos. Mesmo no vácuo. A vida acontece e eu só queria ser poder me teletransportar pro almoço com a família, pra sexta a noite no bar.

A vida acontece ao meu redor enquanto tento inventar um tema, uma ficção, um poema. Qualquer coisa mais interessante do que a vida que acontece dentro de mim. Tento fugir pra um universo paralelo, mas é sempre do mesmo lado do espelho que me encontro.

Mudo o ponto de vista, a vista da janela. Troco de casa, de país, de opinião. Decido, re-decido. Des-decido. E enquanto não sei o que faço a vida acontece e não sei se é assim tão belo delatar o que me passa. Metaforas. Esquemas. Um personagem, quem sabe.

Mas a vida acontece e eu só sei falar do que sinto. Reflito. Saudade. Saudade. SAUDADE. A tatuagem que eu nunca fiz e que não me deixa. Vida vem, vida vai e até de gente que não conheço eu tenho saudade. Uma saudade esquisita da vida que acontecia quando eu era uma outra versão de mim. Mais próxima do meu próprio alcance. Um pouco mais distante do que eu queria ser.

Não que eu quisesse voltar, porque compreendo que vida aconteça. E agradeço o que está aconetcendo. Gosto. Mutio. Só queria passar nesse tempo de vez enquando. Pra relaxar no sofá da sala sabendo que estamos os quatro ali. Juntos.

A vida acontece enquanto a gente cresce e a gente nunca sabe bem o que vai ser. Planejo a semana, faço a lista de compras, calculo o orçamento. Arrumo a cesta do piquenique, a vida acontece e a chuva cai. O vulcão boceja e meu amigo tá na Russia, doido pra esse vulcão continuar urgindo enquanto ele se esbalda em Moscou.

Depois que a chuva estraga o piniquenique o sol aparece e vou meditar. Meus amigos que o vulcão prendeu em Genebra voltam de carro. A vida acontece diferente e no fundo a gente adora. Pra que viver assim sem aventuras?

A vida acontece. Nesse mundo. Num mundo qualquer. Numa realidade sincera. Numa viartualidade paralela. A merda da conexão do skype é um fio sutil que me liga a uma saudade real, uma realidade saudável, minha verdade impermanente, original, sincera. A merda da conexão do skype caiu e eu fiquei no vácuo.

E a vida continua acontecendo.

Se uma tempestade solar acontecer - por que não, depois do vulcão de nome impronunciável, pode ser - todos ficamos a ver navios. Já ficamos sem ver aviões por uma semana! A tempestedade do sol seria capaz de arruinar TODO o sistema de energia elétrica. Eu disse TODO. Sem comunicação, será que a vida acontece?

A vida acontece. Mas se com o skype ruim já dói mais a saudade, se o sol esperniar a casa desabou!

Enquanto a vida acontece. A vida vai sempre acontecendo. Mesmo que seja domingo. Mesmo que o vulcão se espreguice. Mesmo que seja tarde. Mesmo que a saudade doa. Mesmo que as flores muchem, que a primavera termine. Mesmo que aquele tempo não volte nunca mais. Mesmo que.

Sat Nam ;)

17.4.10

Bolas

O que me assemelha na tela do computador refletida é o branco do olho em que alma se esconde da pupila que revela. Um qualquer misterio ocluso em que raça, cor e credo nada pouco ou nada contam a tirar disso um preconceito justificado.

Bolas por toda a parte. Bolas. Oras bolas, porque? Bolinhas, bolões...não bastasse o pesadelo da gente que se atropela durante a correria dos dias inúteis, os verdadeiro dias úteis, os quatro ou cinco em que há, verdadeiramente sol essas bolas a nos atormentar.

Todo ano me asrrebata este mesmo fascínio pela mudança das estaões. O sol brilha, as flores nascem, é permitido ser feliz. Não se pode ficar na cama, dentro de casa, o céu azul é um chamado insistente, um apelo indiscreto para tirar o atraso, o mofo, a disposição do fundo da gaveta.

Sacode a poeira dos patins, guarde os casacos de pena de ganso debaixo da cama. Vista um par de gafas de sol, pegue sua canga e se depare com a quela parte de você que parecia se esconder debaixo da camada adiposa branquela causada pela dose diária de kit kats, kinder buenos e afins.

Parque, amiga. No singular já basta, no plural é bom também. Botella de vino, taça de vidro. O dia só acaba as 8 da noite e essa gente não tem fim.

Embora, bolas, elas estejam por toda a parte, é tão prazeroso o anonimato, a fantasia de observador, o absorver de ser autor. Narrar, descrever, quase infirngir direitos, transpor limites de privacidade com a imaginação boladora que não tem a menor compostura, ora bolas.

Bolas? Pra que as quero?

Daria umas bolas num baseado, se me piacerebe, daria bola pra uma gato, se fosse o caso. Mas bolar um desenrolar de enredo desconexo num encaixar palavreado é que me encanta, ora bolas.

Bolas...

Sat Nam ;)

9.4.10

(outra) Sexta, 18:48

Acontece. A temperatura aumenta. Os casacos e as expressoes vao ficando mais leves. Ate parece que fica mais facil sorrir. E fica mesmo, nao ter mais que contrair.

Acontece mais um ano ha' 98 dias que nao cansam de parecer ontem.

Acontece tudo outra vez. Muda tudo de novo. Uma rotina cansativa e empolgante esta que nao para de acontecer. E mudar. E ser.

Acontece. A-con-te-ce. Acontece e e' agora.

Acontecamos.

Ame'm

Sat Nam ;)