21.11.07

Pipoca

A verdade é que não é o filme que importa. O valor agregado do cinema é a pipoca. Assim são as coisas simples e gostosas da vida.
Um telefonema demorado, uma gargalhada barulhenta, um beijo de língua. Tudo isso só é bom (e muuuuito bom!) porque vem colado num cenário, amarrado a um contexto. Corta!
Corta e tudo perde a graça...que mal tem se o nosso amor a gente inventa pra se distrair? E quando acaba? Quando acaba a gente lembra que ele muito existiu, num cinema com pipoca e amasso, numa virada de ano inesquecível, num tempo lindo que não volta mais.
E aí é hora de seguir adiante. O mais feio da paixão é insistir nela quando ela grita na cara dos dois: não dá mais! O mais fantástico do amor é aceitar que ele transcendeu, transmutou...fazer questão de uma amizade, desapegar-se, jogar no lixo reciclável o sentimento de posse.
É tão emocionante ter coragem de dizer adeus, deixar escorrer a lágrima do último olhar, falar tudo aquilo que tava dito, dividir, aliviar. É tão honesto dizer que valeu cada segundo, embora não haja mais um segundo para continuar.
Se o coração aperta e a poltrona do cinema fica vazia, ainda resta a pipoca, as lembranças, a saudade. Sobram as fotos registrando tanta coisa, tudo aquilo que...passou.
Os planos se dissipam e, depois de duas ou três vezes que o seu coração se esmigalha, vc já sabe que é questão de tempo, porque a vida não sabe errar.
Dos relacionamentos mais incríveis, os que pra sempre serão "ex-peciais", a maior glória é ter a certeza de, ainda que de outro jeito, poder contar. A maior prova de que fez sentido é ler nas entrelinhas do outro a torcida pela sua felicidade, que não foi ao lado dele, mas merece ser em qualquer lugar.
De repente, a poltrona do cinema ganha um novo integrante, aparece um outro beijo, uma nova gargalhada, um abraço diferente...só a pipoca continua a mesma.
E não é isso que importa, afinal???

SAT NAM ;)

14.11.07

Vamos acabar com as Raves!

Agora é oficial, vamos acabar com as Raves. O prefeito foi atrás do MP que seguindo pedidos oficiais da PM pretende criar um TAC que justifique algum tipo de entendimento entre governantes e produtores de eventos.

Resumindo, as Raves, declaradamente, passaram a fazer parte dos grupos "non gratos" pela sociedade, figurando na mesma lista de outros exemplares de discórdia e anarquia total como MST, PCC, CV, pichadores, bandidos e traficantes em geral. Seres reunidos em organizações com o objetivos que vão totalmente contra toda e qualquer forma de lei, regulamentação ou acordo.

Vide, por exemplo, os 18 laudos apresentados pelas organizações como requisitos fundamentais para a aquisição do alvará, que são nada mais nada menos do que puro descumprimento da ordem, claro. Sem contar que está completamente transparente que 12 pés de skunk são realmente uma raridade, que o tal administrador de empresas preso com eles deve ser um traficante de elevadíssima estirpe e essa quantidade enorme de um alucinógeno tão perigoso poderia ter levado milhares de pessoas à morte por overdose de...MACONHA, o que, convenhamos, é extremamente comum, não?

O melhor mesmo é acabar com as Raves. Acabando com as Raves menores de idade não vão mais entrar em eventos proibidos para eles e tão pouco consumir bebidas alcóolicas. Os jovens não vão encontrar um outro lugar ou motivo para usar ecstasy, ninguém mais vai fumar, nem plantar skunk. Congestionamentos homéricos causados por eventos frequentados por grandes quantidades de pessoas não vão mais acontecer.

Ah sim, os adolescentes não vão mais "virar" noites, nem sair escondido de seus pais, quanto mais beber e dirigir. De jeito nenhum. Também não vão ser assaltados ou furtados. E a paz voltará a reinar entre todas as gerações, como sempre aconteceu antes das temíveis Raves.

Aliás, proponho mais: que tal proibir o chocolate? É o chocolate. Assim ninguém mais engorda, ninguém mais tem diabetes, ninguém mais tem espinhas! E vamos proibir o video-game, resolvendo todos os problemas da infância sedentária. Ahhhh, sim, proibamos o uso de maquiagem e daremos fim a crueldade dos testes em animais.

Pelo fim do Mc´Donalds e o mundo será mais saudável! Eliminemos as calculadoras e as pessoas serão experts em matemática! Acabem com a televisão, e todos voltarão a pensar! Ou será que devemos acabar com os livros? Assim as próximas gerações não aprenderão!

Enquanto a PM envia seus pedidos ao MP e os vereadores estapeiam-se pela autoria do projeto estúpido, atrás de votos para a sua reeleição, a sociedade aplaude de boca cheia e barriga vazia a solução de um problema que não tem, e a ditadura espreita da coxia, com sorrisinho maroto, o sucesso clássico de sua herança.

SAT NAM ;)

9.11.07

Um dia...

A vida é muito boa para ser sempre saudade. Saudade de vez em quando é bom. Saudade todo dia dói, machuca, esfola, arranha. Desgasta, deturpa...transmuta, transfere.

A distância do espaço é transponível de avião, de férias. Embratel e dábliu-dábliu-dáblius são agentes que amenizam. Mas quando a noite cai, o vazio completa, atinge em cheio. Falta. Corrói.

A distância do tempo é mais abstrata, delineada pelo futuro de um pretérito que ninguém pode dizer se será mais que perfeito.

E se for pra ser?

Um dia é data que calendário nenhum consegue alcançar. Um dia é plano incerto, lotado de expectativas, esperanças, comodismo e pitadas de covardia.

Será que este dia será feriado? Desfile em carro aberto, banda e fogos, todo mundo comemorando sua chegada, já que o caminho foi tão oblíquo, obtuso, obturado.

A estrada para "um dia" é margeada pela paisagem do que poderia ter sido, do que acontece em vão, do que era pra não ser. No caminho para "um dia" são muitos os pedágios que se paga para "e se?".

As placas não apontam, confundem. Exibem dúvidas intermináveis, entradas sem saídas, retornos para lugar algum.

Depois de muito andar, correr, procurar, " uma dia" não chega, porque "um dia" já passou.

E se fosse agora?

SAT NAM ;)

8.11.07

Ser amiga

Jamais me entenderia, suportaria ou descobriria se não fosse pelas minhas amigas. Nelas me reflito, me reconheço, me encaixo. Encontro o que mais amo e detesto em mim, nos outros, no mundo e escolho sempre seguir sendo.

Ficar amiga é fácil. Basta uma cerveja, um sorriso, uma boa risada. Continuar amiga tão pouco é complicado. Algumas viagens, telefonemas, quem sabe uns primeiros conselhos. Agora ser amiga, SER amiga é não só difícil, mas principalmente uma das coisas mais sublimes do mundo.

Ser amiga tem muito de abraços apertados depois de discussões profundas, olhares cúmplices entre flertes, furos e decepções. Apoio, no ombro, ao lado e em silêncio quando o momento é de perda e um nó, que dá em algum chacra desconhecido quando a lágrima dela cai derrubando uma em mim.

Ser amiga é ser gata garota, parceira, brother, freirinha de plantão. Companhia de viagem, de perda total no rango e nas loucuras. Duplinha de bebedeira, sol, shopping e gargalhadas sem fim. Confidente de todas as besteiras e os mais profundos ideais.

Ser amiga é brigar pelo paquera na adolescência, dividir roupas sempre, falar todo dia e passar uma semana implicadíssima. É contar segredos (e guardá-los), censurar quando preciso e mostrar seu ponto de vista. É pagar uma cerva a menos e não deixar ela tomar uma a mais, é ser madrinha do casamento – mesmo que não oficialmente no altar. É ser “tia” dos filhos (e no fundo a-do-rar) é esquecer de dar presente no aniversário e mesmo assim ela te lembrar. É dar e pedir carona, não só no carro, onde ela quiser na vida. É rebuscar caminhos, abusar de críticas e destilar carinhos. É aprender, ensinar, evoluir e surtar.

Ser amiga é se conhecer, se desvendar, se reler e sempre escolher se jogar. Nas aventuras, nos sonhos, nos momentos. E se cuidar, nas estradas, nas baladas, nos domingos de cortar os pulsos.

Amiga é um pouco de tudo que a gente nunca quis ser e muito daquilo que a gente ainda quer.

Ser amiga é escrever na agenda aos 15, ser da pá virada aos 18, se embebedar na formatura aos 22 e depois, encontrar cada vez menos (mas sempre que dá) e amar cada vez mais.

Amigas são espelhos de alma. Ora embaçado, ora brilhante.

AMIGA é uma irmã que a gente reconhece e SER amiga uma opção que liberta, pois vem do lugar mais puro de qualquer coração.

Eu amo SER amiga de vocês!!!!!

SAT
NAM ;)

6.11.07

vai amigaaaaaaaaaaaaaaaaaa

Não chora. Nunca é uma despedida! Afinal, já foram tantas: de brigas, viagens, mudanças. E nada nos separa no nível da alma, do amor que a gente sente, da amizade que a gente construiu e que vai se transformando e se fortalecendo. O tempo passa e a vida ensina das suas coisas de viver.

Você é irmazinha, vizinha, "bródinha". Você mora aqui ó, dentro de mim! Cada lugar que cada uma de nós abraça é mais um monte de oportunidades latentes para todas as outras.

Lá se vai você pra Bahia. Talvez volte qualquer dia. E aí está a graça, a gente nunca sabe e sempre se joga, se entrega e vai lutando pra fazer acontecer, realizar, satisfazer.

E quando o avião decolar e der aquele frio na barriga: será que estou fazendo certo? Lembra que certo é seguir o coração, agarrar as possibilidades, entregar-se ao momento e seguir sempre com fé. Certo é acreditar, confiar em si mesma e no poder da Vida. Agradecer a cada dia. Certo é viver com a confiança de que somos apenas almas passageiras e, nesta etapa, cabe a nós construir um mundo bem melhor!

Gata Garota, vai sorrindo! Vai de peito aberto e cheia de coragem. Leva na mala essas malas das suas amigas, as nossas histórias, aventuras e lembranças. Constrói sua vida, sem pensar muito em futuro, constrói para que hoje seja sempre o dia mais especial de todos. Mergulha fundo. No mar, no sol, no trampo. Mergulha de cabeça nos seus planos e projetos e nunca, nunca, nunca arrede pé do que você acredita.

A gente tá aqui agora, amanhã, vai saber. Porém, em nossos corações estamos sempre juntas. Essas idas e vindas, andanças distraídas, escondem uma sabedoria que acalma, tranquiliza e conforta: todos os seus estão sempre aqui pra você e, qualquer coisa, volta! Mas só depois de lutar muuuuuito.

Estamos todas na torcida, como sempre, de pom-pom na mão e dancinha pronta só gritando que você é ótima e brilha!!!!!!!!!!!!!

SAT NAM ;)

1.11.07

Cuidado, rave!

Não se preocupem com o aquecimento global, são as raves que vão acabar com o mundo. Aliás, não se preocupem com mais nada, que importa se nosso país aplaude a realidade da Tropa de Elite já que o Brasil vai sediar a próxima copa?

É de cortar os pulsos assistir a uma nação manipulada pela mídia, engolindo tudo o que se fala a seco, sem nem um copo de bom senso.

Daqui de cima dos palcos de uma das maiores raves do Brasil eu posso dizer que o que se diz não é nem de longe a realidade das coisas. Tão pouco é totalmente inverídico. Aqui, atrás de um computador, trabalhando como qualquer profissional, tenho a segurança de dizer que os bastidores de uma rave SÉRIA e PROFISSIONAL não incluem nada que não tenha a ver com trabalho árduo e muita dedicação.

No entanto, é trágico ver, ouvir e ler - sem poder dizer - as bobagens destiladas a este tema, sob a prerrogativa de um título.

Pessoas rolando pelo chão, gente tendo alucinações, brigando por água. Se alguém esta no chão, no mínimo esta deitado, horas de diversão sem parar cansam. Alucinação, só se for de quem ta dizendo que viu. Briga por água, certamente daqui há 100 anos. Em rave? Apesar de reunir entre 10 e 20 mil pessoas, é raríssimo presenciar uma briga em uma festa destas.

Contudo, não tenho a mais tênue intenção de mudar a opinião de ninguém a respeito das raves, da cultura eletrônica, do aquecimento global, da violência escrachada ou do quer que seja, pois não permito que formem a minha posição sobre coisa nenhuma, afinal, penso e posso fazer isso sozinha. Porém, sugiro humildemente, que conheçamos as coisas antes de julgá-las. Encontrasse Narciso (o do espelho), e lhe aconselharia a fazer terapia.

No fim de cada frase, mais angustiante é imaginar quanta soda cáustica a gente bebe sem perceber, em cada coisa que ouve, vê e repete. Simplesmente repete. Sem ao menos mudar de canal.

Neste mundo tão rotulador os preconceitos vem embalados, prontos para usar. A bula, em branco se ausenta de ensinar. Meu ponto de vista? Pra quê, se este aqui vem num copo com limão e gelo?

A realidade da música eletrônica, é escrita em Inglês, Espanhol, Português, Japonês. Uma expressão de arte globalizada com seus “line ups, releases, Eps e day parties”, onde psy trance, minimal, techno, eletro, progressivo e etc são muito mais do que bate estaca e tecneira.

Há uma nova cultura em ebulição, uma cultura oriunda dos sintetizadores, da internet, da conjuntura tecnologizada, do cenário automático, do caleidoscópio elétrico-eletrônico, da vida digital. Da demanda física do contato com a natureza, quase sempre tão além.

Uma cultura que pede o calor do sol. O pulsar do dia, a liberdade a céu aberto, quando o dia- a- dia é tão fechado, cercado, cerceador. Tão cheio de limites, crueldades, patifaria em rede nacional. Uma cultura a ser estudada num futuro próximo, visto que reflete as necessidades de uma nova geração, a “geração web”.

Enquanto meia tonelada de gente se ocupa em criticar, outra porção se liga em produzir e inventar todo este universo que acompanha a vibração de um novo tipo de som, em que o contexto respira outro tom, da mesma cor, numa nova testura.

Expressão da arte atualíssima que já tem história nas pick-ups dos Deejays e produtores, nas planilhas de Excel dos organizadores. Centenas de Empregos diretos e indiretos. Trabalhadores deste Brazil com “z”, que oferecem um novo nicho de oportunidades a um povo tão carente de possibilidades. Nada mais que um rodeio, uma micareta, um show de rock, o carnaval.

Excessos, música alta, álcool, drogas, sexo, nesses lugares também tem tudo isso que, aliás, me remete aos bons e velhos conceitos cristalizados impregnados à juventude desde os tempos das cavernas.

Uma juventude rebelde como toda juventude é. Uma geração incompreendida como toda geração é. Um presente a fim de construir um futuro, conquistar alguma coisa, fazer algum sentido ainda que através da busca insana intrínseca a todo ser humano por preencher a tal lacuna, especialmente, quando se sente no direito e com poder de mudar o mundo.

O jovem sempre foi um ente censurado, é o que e lhe move e lhe dá motivos para continuar. Por favor e por amor, não paremos com esta censura! O Jovem precisa dela para tornar-se adulto e, amanhã, censurar seu filho. Não fosse isso, quem seriam nossos pais, o que seria de nós? Nos conflitos das gerações cresce a “passada”, que pensa saber tudo, cresce a presente tão cheia de não entender nada.

Daqui de cima deste palco onde rave é ganha pão honesto, venho convidar as pessoas a lembrarem da sua juventude, a conhecerem o que não conhecem e, principalmente, a terem vergonha de um país que vai sediar a copa, se escondendo na barra de uma farda preta.

SAT NAM ;)