15.11.09

Já que ando sem inspiração, vou serrando a alheia:

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Fernando Pessoa

14.11.09

SPP

A vida me inspira e nunca acho tempo de sentar a bunda do dedo no teclado e destrinchar as estapafúrdias idéias que insandessem meu pensamento. Uma pena. A gramática começa a me fugir. Minha nova dialética é composta de várias línguas. Cada idioma diz melhor o que sente e quanto mais palavras aprendo mais sinto plena na tonelada infinita do que quero expressar. E não faço. Assisto de camorote as idéias passarem batido. Textos inteiros construídos no metro que se desfazem na poeira do dia que passa ligeiro. Tempo devorador de letras. Nem reciclar eu consigo. Sai o primeiro parágrafo não sai mais nada e tem tanto. Há uma frase. Há muitas frases. Conexões e grandes verdades que meu egoísmo ansioso de chupar o agora até o caroço, jogou fora. Olho pra tela branca. Gente de cabelo azul, sorriso melancólico, olhar misteiroso, futuro incerto, presente duvidoso. Todos os personagens numa aquarela ao meu dispor. Misturo as tintas das vidas de gente que não tenho a mais vaga noção do que faz. Piro e crio. O casal que vai se despedir em breve. A criança que vai ser feliz. O cachorro que sente no estomago o vazio que a falta faz. Não consigo mais deslizar os dedos. Tudo ficou complexo. Escrever já não é mais como era antes. Na urgencia da obrigação nosso relacionamento se desgastou. Sinto uma ponta de frustração. Um bocado de medo e um certo alívio. Talvez eu não seja mesmo escrevinhenta. Quem escrever de verdade não delira sobre não conseguir escrever. Ou delira? Só sei que estou com a síndrome do primeiro parágrafo. Sendo assim não posso mudar de linha.

Sat Nam ;)

5.11.09

Uma poesia

Uma poesia, em troca:

"Contra o tédio que azucrina,
Imagine um mergulho na piscina,
um sucão de tangerina,
uma velha e boa vitamina
(...e inspire profundamente em 3).

Contra essa angústia assassina,
inaugure uma nova rotina,
vire o quarto, troque a cortina
compre begonias na esquina
(...e expire suavemente até 5)
E se ainda assim a cabeça alucina,
se a alma esfarela de tão fina,
ah,não, relaxa menina.
e lembra da canção
que ensina:
ser triste é opção,
não é sina! "

by Tadeu Santomauro, meu pai!

Sat Nam ;)

3.11.09

Trombei a inspiração no metro. Num momento Tanto Faz. Agarrei-a pela cintura de modo a não perdê-la outra vez. Ela me olhou de lado, já saindo, indo embora e disparou: "Essa coisa de disciplina funciona pra aprender alemão, tirar barriga, mas pra escrever? Vou por aí atrás de um boêmio com libertinagem no sangue, alma nos olhos, poesia no viver. Alguém que me detone a aventura, faça cócegas nos medos, cague pra rotina."

Fiquei eu lá, assistindo ela saltitar pela saída do vagão. De ansiedade em punho e nó no coração.

Sat Nam ;)
Mais um abominavel dia util e eu so queria bundar. Quem me dera desencanar. Sou uma encanada de carteirinha. D'um encanamento umbilical que nao desentope. Entorpece de encanacao propria, masoquista, paranoica. Ai que tesao por esquecer de tudo, virar pro lado e seguir dormindo. Que dia e esse em que o almejo mais profundo e desligar o celular? Aiiiiiiiiiiiiiiii. A paciencia deu a mao pra sanindade e foi pra Fiji. Sobrou a chuva caindo da janela, uma irritacao que nao vai - nem racha - aquela velha balela blablablazenta de reclamar com a barriga cheia. Terca-feira chuvosa e fria foi feito pra ser inutil. Quem dera meu livre arbitrio pudesse declarar feriado. Ou guerra. Esse berulho que vem de todos os lados, do pensamento non-stop, do telefone non-stop, dessa gente non-stop. Que caralho de inercia non-stop. Mais um abominavel dia util sufocando a poesia, dando mata leao na inspiracao. Filme, chocolate, pipoca. Silencio. Silencio. Sileeeeeeeeeeeeeencio. E o mais proximo da paz que consigo vislumbrar. Ainda sim 8 horas e toda minha noia me separam dessa terra longinqua onde nada perturba. Nem acontece.

Mais um abominavel dia util. Saco!

Sat Nam ;)
A Paz não é um sentimento constante. Ela vem em pedaços infinitos entre os espaços de tempo. O segredo é percebê-la quando aqui e acolhe-la deixando tudo ao redor acontecer. Quiça a paz tenha um tanto de fé. Certo é do quanto tem de inspiração. Daquilo que é medo das consequencias que talvez nunca existam, faz-se confiança e deixar ser.

Sat Nam ;)