27.9.08

Mais de Clarice em mim

"Não sou boa com números. Com frases-feitas. E com morais de história. Gosto do que me tira o fôlego. Venero o improvável. Almejo o quase impossível. Meu coração é livre, mesmo amando tanto. Tenho um ritmo que me complica. Uma vontade que não passa. Uma palavra que nunca dorme. Quer um desafio? Experimente gostar de mim. Não sou fácil. Não coleciono inimigos. Quase nunca estou pra ninguém. Mudo de humor conforme a lua. Me irrito fácil. Me desinteresso à toa. Tenho o desassossego dentro da carteira. E um par de asas que nunca deixo. E - sem saber - busco respostas para o que não encontro aqui. Ontem eu perdi um sonho. E acordei chorando, logo eu, que adoro sorrir...Mas não tem nada, não. Bonito mesmo é essa coisa da vida: um dia, quando menos se espera, a gente se supera. E chega mais perto de ser quem - na verdade - a gente é."

Assino embaixo.

SAT NAM ;)

12.9.08

I am who I am because of everyone

Ela é brasileira. Foi parar em Londres hà 2 anos e sete meses atrás. Tanto lhe fazia ir ou ficar. Passara por algum qualquer problema e seus pais a mandaram para lá. Chegou em depressao. Sofreu por 6 meses. Outra lingua. Outra cultura. O frio. A saudade. Aprendeu. A dar valor aos pais, a lingua, a lidar com tudo aquilo. Entregou sua vida a Jesus, acaba de se mudar para estar mais perto da Igreja que frequenta todos os dias. É ativa na comunidade. Limpa casas, ganha 7 libras a hora. Tem 25 anos, um olhar tranquilo e uma gratidao sem tamanho. Sonha ser psicòloga.

Italiano, foi para Londres em busca de aventuras. Nao toma banho todos os dias, dorme no meio das baladas. Acredita no poder dos numeros, fuma maconha, raxixe e o que mais faca fumaca. Eh franzino e sorridente. Nao sente tanta saudade assim. Nao sabe o que quer ser, ou melhor, ele ja eh. Ou nao?

A Poloneza chegou para estudar moda. Era inocente e deslumbrada. Foi morar com um bando de latinos, ficou no minimo descolada. Faz sexo casual sem problemas. Embora viva sentindo um vazio. Eh engracada e amiga, sempre pronta pra proxima. Sente um pouco de falta dos pais, mas nao pensa em voltar pra casa. Dividiu uma cama de solteiro com um italiano ruivo por um ano. Agora ele foi pra Barcelona e a vida dela ta de pernas pro ar. Eles nunca tiveram nada. Além de uma amizade profunda e sincera. Ela eh agitada, alegre..."a cold polish" como ela mesma diz.

Um veio estudar balé, a outra ganhar dinheiro. Há quem busque conhecer gente, novos horizontes, noitadas e agitacao. Tem gente que soh quer estabilidade em libra, aprender lingua, conhecer o mundo.

MUitos ja estao cansados esperando a hora de voltar. Outro tanto encara as mudancas porque do jeito que ta nao da pra ficar. Tem gente que gosta e nao volta. Ou entao nao ve a hora de ir. As vezes ta soh de passagem ou nao consegue partir.

Cada um com a sua mala, com a sua meta, com a sua maneira de se jogar. Embora todos tenham expectativas e ninguém saiba ao certo como lidar com as frustracoes.

E eu sou quem sou por causa de cada um deles. Sou o que sou por causa de todo mundo.

SAT NAM ;)

5.9.08

Há dias

Adia...me dizem os dias. Num imperativo seco e suave ao mesmo tempo. Adia tuas expectativas, tua pressa, tuas (in)decisões. Adia tua necessidade de já, agora imediatamente.

Há dias que venho entrando e saindo das horas e dos metrôs com essa sensação adiada que emite enzimas nas entranhas do organismo e do corpo etéreo.

Uma sensação de sem lugar. E a cabeça que não pára, não pára, não pára de pensar. Cobrar. Analisar. Questionar. Divagar. Nada devagar.

Adia cabeça...digo para essa coisa borbulhante que me ocupa por inteiro, desde de dentro das mitocôndrias mais remotas, respirando meus micro pensamentos a 20 milhões de rotações por segundo.

Adia cabeça...peço encarecidamente para a chaleira esfumançante que pesa sobre meus ombros descultivando toda a não cobrança tão árduamente conquistada nas práticas de yoga.

Adia cabeça...choro baixinho, procurando um canto silencioso no meio de tantas perguntas, análises e conclusões precipitadas.

Adia cabeça. Há dias que os dias vem dizendo que há dias em que é melhor adiar. Tirar a panela do fogo, esperar a fervura baixar e quando as borbulhas diminuírem e tiverem se tornado uma água mais morna então será hora de não mais adiar.

Há dias...

Sat Nam ;)