24.2.09

Eu amo meu Pena de Ganso

O meu Pena de Ganso é quase um romance. A noite, quando vou dormir, sentindo um oceano entre tudo o que eu quero e tudo que eu amo, ele me abraça. Me acolhe. Me conforta e me esquenta, sem me sufocar. Meu pena de ganso nao fala, antes assim, conto meus sonhos pra ele e o resto guardo pra mim. Meu pena de ganso é fofo, versátil e aconchegante. Quando volto pra casa, morrendo de frio, é só nele que eu penso, é só ele que eu quero. Home, sweet home. Nele eu caibo e sobro. Nele eu deito e me jogo. Nele eu enfrento as intermináveis noites de sono, ou não. Quando os monstros do escuro aparecem pra me amedrontar, ele me protege. Me faz companhia nos domingos chuvosos e assite sem reclamar a todos os filmes que eu escolho, no meu cineminha partcular. O meu Pena de Ganso é quaaaaase um romance!

Sat Nam ;)

23.2.09

Sem título

A pessoa tem que saber o que quer. Se a pessoa não sabe o que quer, tem ao menos que saber o que não quer. Então busca. Procura. Experimenta. Imagina. Espera. Vive. Se joga. Confunde. Despera-se. 
Quantos litros de lágrimas e quantos tubos de pasta de dentes são gastos entre os sorrisos e prantos que trilham sonora a vida? A procura. As perdas. Os ganhos. O labirinto do auto-conhecimento sem medida.
Expressar-se sem saber como, sem ser para olhar algum, é vão. Mas, para além de vão, é dolorido, clichezento e papel de vítima.
No eterno procurar-se, nunca há um achar pleno, completo, constante ou infinito. No radicalismo de existir não há lugar para rótulos, embora os padrões sufoquem nossas almas, provoquem nossas ânsias, cerquem nossas saídas.
A pessoa tem que saber o quer. E se não souber nem ao menos o que não quer, ou viver a mudar de ideias sobre si mesma, seu próximo passo, seu capítulo seguinte, a todo instante, então a pessoa deve ao menos procurar curar-se, aceitando sem medo todos os "não seis" que se apresentem no seu espelho.
E pela manhã, quando desperta, a pessoa que não sabe nem o que quer, nem o que não quer, abre os olhos de maneira exatamente igual ou completamente diferente e respira o novo dia como uma surpresa que começa de si para si.
A pessoa que não sabe ao certo, enche o peito da dor confusa e leva a vida feito um fardo, carregado de aventuras ou feito uma pipa, sem linha nem tristezas. A pessoa que não sabe-se simplesmente por ter exaurido a busca pela tentaiva de compreender-se, aceita a mais profunda e libertadora verdade: a de apenas ser.
Eu não me sei. Tu não te sabes. Que nos curemos nós, para que evoluindo regressemos a ausência de títulos. A eminência de atitudes. A coerência de personalidades geniais, artísticas, desafiadoras e reais.
Sincerade, na cara. Na coragem. Por este e por todos os caminhos que tem coração. Ainda que não tenham sentido, nem setas, nem placas, nem contra-mão.
A pessoa que não se sabe, sabe-se tanto que leva no peito uma embriagues constante, uma certeza inexistente e uma verdade perplexa: o AMOR.

E a necessidade de gritá-lo.

Sat Nam ;)

20.2.09

1 minuto de revolta!

O carnaval mal começou e a folia já tá solta.

47 turistas, entre eles alguns Britanicos, sofreram algum tipo de roubo no Rio de Janeiro num periodo de 24 horas. Ooooohhh!

2 hotéis em Copa, pessoas amarradas. Os caras pediram pra ir no banheiro e fizeram a rappa nos ipods, cameras e euros da galera. Ninguém se machucou e eles deixaram os passaportes.

10 turistas tirando fotos por São Conrado e lá vem dois caras armados e levam os mesmos pertences básicos (grana, ipod, camera) de quatro deles.

"No Rio de Janeiro favelas perigosas localizam-se próximas as praias e outras localidades visitadas por turistas", diz o Times desta sexta-feira.

Tudo verdade.

E qual jornal que publica que as casas de varios imigrantes, inclusives brasileiros, aqui em Londres, estão sendo assaltadas? E que pessoas são roubadas na rua? E que pessoas são espancadas na rua, sem a menor razão aparente?

Não é por nada não, mas se lá é perigoso, aqui não é muito menos e olha que não é nem carnaval!

Eu adoro Londres, mas fico puta que pintem a caveira do MEU país.

Sat Nam ;)


19.2.09

No fundo do meu poço tem mola!

No fundo musical Frejat em vezes de Raul canta inspirando "tente outra vez..."

E no fundo, eu só sei insistir.

E no fundo, no fundo mesmo "eu queria ter uma bomba, um flit paralisante qualquer" que brecasse esse medo babaca que me consome vez e outra.

E no fundo, pra seguir com o clichê, faz parte.

E no fundo, a gente chega num lugar, no centro da gente, que faz lembrar que "quanto mais profunda a nossa tristeza, tanto mais profunda a nossa alegria". 

E no fundo tem não só uma mola, mas também uma água cristalina, a verdadeira fonte. Tem também uma luz que vem de cima. E tem a realidade absoluta e reconfortante de que do chão não passa. 

No fundo existe uma nova chance. Por trás de todo não existe um sim, olhando pro fundo da história das pessoas mais admiráveis, descobrimos que elas acumularam "nãos" para colecionar  "sims".

E no fundo eu agradeço, tomo impulso e me jogooooooo.

Pra cima!

Sat Nam ;)

12.2.09

Cansei

Hoje eu acordei com sono, sem vontade de acordar. Comi todos os chocolates do mundo. Chorei todas as lágrimas do mundo e resolvi que este problema é só meu. Só meu.
Cansei da minha verdade. Quero a fantasia, o sonho. Devolvam meu conto de fadas, meus 15 anos, minha mesada. 
Nasci louca demais pra ser careta e careta demais pra ser louca. Estou fadada a fracassar? Surtar? Lutar?
Não sei. Não sei e estou cansada. Cansada de ser forte, cansada de ser fraca. Cansada de acabar sempre aqui, num dedilhar confuso e me enganando de que me perder é me achar.
Não é. Me perder é me perder e não fazer nenhum sentido. Não fazer sentido é o que eu mais sei, só não encontro a paz.
Talvez fosse mais fácil se alguém me prometesse um jardim de rosas. Uma viagem pro centro da Terra. Um terreno no infinito.
Porém, tudo o que tenho é minha mente solitária, simplória e derrotista. Chata. Chata com “xis” da Xuxa. 
Daí eu choro de lágrima. De soluço. De doer a cabeça e escorrer o nariz. Daí eu choro e quero colo.
Socorro, tem alguém aí?
Tem alguém aí pra me tirar daqui? Tem alguém aí pra me salvar de mim? Eu sozinha acho que não vou conseguir.
E quando morrer de overdose de pensar, não vou deixar nem bilhete. Vou sumir. Pifar.

Sat Nam ;)

Vazio

Solidão. Medo. Vazio. 
Vazio. Vazio. Vazio. Vazio.
Como utero depois do parto, geladeira sem comida, estomago que insiste em roncar. Vazio como piscina sem água. Estádio sem torcida. Concerto sem plateia. Pneu furado. Vazio como tigela sem sopa, ármario sem roupa. A metade do copo que não está cheia. Vazio como barriga de criança faminta. Vazio como bolso sem grana, cofre sem moeda, cheque sem fundo, casa abandonada. Vazio como uma festa falida, um olhar perdido. Papo de elevador. Vazio como mala guardada, envelope aberto, secretária eletronica sem recados. Vazio como áquario rachado, cemitério a meia noite e praia na chuva. Vazio como bola murcha, caixa sem presente. Futuro.
Vazio como um frasco de perfume acabado. Como uma garrafa de vinho acabada. Como um prato de comida acabado. Vazio. Acabado.
O fim que deixa vazio. Acabado. Sem mais. Nem menos. Não falta nem a falta que uma não presença faz. vazio. Acabado. Ausente.
O vácuo. A ausencia do ar.
Acabado e vazio. Ausente.
Vago, desocupado, finito. Acabado e vazio. Vazio e acabado. Ausente.
Vazio o outro lugar na cama. Acabado.
Acabado o vidro de geléia. Vazio.
Vazio o plexo solar. Ausente.
Acabado o cérebro de pensar. Cheio. Cheio de vazio. E acabado. Devastado. De vazio basta. Cheio de um vazio cheio de ausência.
Completamente vazio. Aberto. Desocupado. Cheio de espaço.
Vazio. Cheio de espaço. Completamente aberto. Livre.
Livre vazio. Começo. Recomeço. Outro começo. Outra vez começo. Do nada. Do vazio em diante. Cheio de expectativas, de aunsência. Fim acabado. Começo vazio.
Outro, mais um. Vazio que acaba.
Acabado vazio.

6.2.09

As vezes me chamo certeza. De repente meu nome é socorro. 
De um lado a outro da moeda, minha estrada vai na cara e na coragem.
A coroa ficou no outro armário, aquele que por hora deixei pra traz. Ainda que fique dividida, a verdade é que tanto faz.
As dúvidas, as incertezas, a geladeira que eu abro pra pensar, vão sempre estar comigo, na minha mala, na minha alma, em qualquer lugar.
Vou escalando as palavras, tentando me libertar de uma liberdade já tão minha que me dá medo não ter mais como atracar.
Lá eu quero aqui, aqui eu quero lá, será essa sina a que eu vou carregar?
Esta e essa outra, a mania de rimar. Vou buscando um desafino mas toda letra cisma em combinar.
Quando fecho o olho, vejo um universo tão profundo e obscuro que dá medo mergulhar. Quando abro o olho vejo um mundo tão maluco, que não vejo porque não me jogar.
Não fazer sentido é o que mais sei, a coerência é que me desafia.
Será que dá tempo? Dá jeito? Dá futuro?
Se não der em nada, eu juro, sigo na estrada.
E quando me chamo certeza, certa de que vai dar tudo certo...lembro logo de ser socorro e já amarro um grito mudo.
Enfia a rima no saco, engole o verso, leve a vida.
Vá ganhar algum dinheiro que poesia não enche barriga.
Minha alegria, ainda que simples, custa caro. Na incoerência da minha jornada carteira vazia ocupa tanto espaço que não sobra inspiração, não sobra sorriso, falta (col-)chão!

Portanto, 

Sat Nam ;)

...é o melhor que posso ser...

4.2.09

Nevou


Esperei pela primeira neve para fazer o meu pedido. Quando ela veio perfeita tudo o que lembrei foi agradecer porque ela caía. Nevou de dia. De noite. Nevou e deixou tudo branquinho, pacífico e surreal. Nevou gelado. Nevou novinho e nevou desconhecido. Nevou sem fim. Nevou. Nevou. Nevou. Nevou durante uma doce tarde, depois de ver onde é que uma simples maçã transformou Newton e a gravidade do mundo, das coisas. Nevou de manhã de levinho e parou pra gente passear pelo canal onde Darwin deveria ficar pensando sobre a evolução das espécies. Nevou devagarinho, fazendo carinho. Nevou forte, impedindo a visão. Nevou fofo e escorregadio. Nevou amizade, nova e antiga, nevou alegria, nevou do céu durante mais de um dia. Nevou vida, nevou novidade. Nevou floquinho, nevou nevasca. Nevou com vento, nevou fininho. Nevou no quintal, na rua, nas árvores. Nevou em pânico, nevou com calma. Nevou lindo e nevou com prejuízo. Nevou na minha vida. Nevou na minha alma. Foi surreal e fez tanto sentido. O sentido das coisas que ninguém controla, que vem pra muitos e que une tantos. O sentido de perder uma segunda de trabalho e passar uma segunda no parque, fazendo boneco de neve e esquecendo da crise. Nevou pra causar um break, pra esfriar a cabeça, pra deixar quase tudo pra amanhã. Nevou pra parar um pouco, desacelerar um pouco, observar e absorver um pouco. Nevou como há muito aqui não se via e desviou tanta coisa do rumo, do trilho, do caminho. 

Nevou e do chão não passou, como Newton já sabia. Nevou e a gente se adaptou, como Darwin descobriu um dia. Nevou muito, influenciou um montão e a gente do poder se lembrou que os macro-fatores incontroláveis da natureza, podem surpreender até quem já previa.

Nevou muito. Nevou lindo. Nevou como poesia. E eu que esqueci de pedir, vou pra sempre lembrar de agradecer este dia!

Sat Nam ;)