8.12.08

Quero

Quero desvestir minha ansiedade. Será possível trocar um quilo de angústia por um pote de paciência? Se der, pede também um vidrinho de fé. Quero estrangular meu medo. Fazê-lo em pedacinhos e mandar pela descarga. Quero um litro de creme de leite fresco pra comer com morangos silvestres enquanto assisto a derrocada da minha falta de confiança. E pode mandar também um champagne, que eu vou comemorar horrores. Quero abrir a janela ao invés da geladeira e descobrir alguma flor que ninguém nunca viu. Todo dia de manhã eu ouço passarinhos. Dois que passam juntos, outro que passa sozinho. Num frio de congelar sereno, com aquelas peninhas finas, fico imanginando se eles cantam ou se gritam por socorro. Quero um casaco sem penas, sem peles, de pêlos sintéticos. Quero um trabalho pra pagar minhas contas, conhecer cada gaveta do mundo e tirar retrato-palavrado de tudo. Uma letra depois da outra e vai mudando o mundo. De repente. Quero viver soletrando, conferindo algum sentido. Sendo em versos. Propositando sem medidas uma - ou várias - idéia repetida. Quero um relógio que marque um tempo só meu. Que me avise a hora certa de ivestir ou deletar. Quero criatividade no meu 'control-vêsar'. Copy-paste, as vezes, é catalizador demais. Quero um tempo mais demorado. Só de sábado. E de férias. Quero tintas glow-in-the-dark pra eu não sentir solidão no escuro. Abraço também serve. Quero telefone barato. Guarda roupa que se recicla conforme o stilo muda. Quero estilo que mude sem mudar essência. Tatuar atenticidade na testa talvez me ajuda a não esquecê-la. Duas malas de trinta e dois quilos abarrotadas de kit kat. Vou comer todos de uma vez. Quero tim-tim agora e um monte de jajá.

Meu propósito eu mudo, mas meu sentido é escrito.

Sat Nam ;)

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