1.11.07

Cuidado, rave!

Não se preocupem com o aquecimento global, são as raves que vão acabar com o mundo. Aliás, não se preocupem com mais nada, que importa se nosso país aplaude a realidade da Tropa de Elite já que o Brasil vai sediar a próxima copa?

É de cortar os pulsos assistir a uma nação manipulada pela mídia, engolindo tudo o que se fala a seco, sem nem um copo de bom senso.

Daqui de cima dos palcos de uma das maiores raves do Brasil eu posso dizer que o que se diz não é nem de longe a realidade das coisas. Tão pouco é totalmente inverídico. Aqui, atrás de um computador, trabalhando como qualquer profissional, tenho a segurança de dizer que os bastidores de uma rave SÉRIA e PROFISSIONAL não incluem nada que não tenha a ver com trabalho árduo e muita dedicação.

No entanto, é trágico ver, ouvir e ler - sem poder dizer - as bobagens destiladas a este tema, sob a prerrogativa de um título.

Pessoas rolando pelo chão, gente tendo alucinações, brigando por água. Se alguém esta no chão, no mínimo esta deitado, horas de diversão sem parar cansam. Alucinação, só se for de quem ta dizendo que viu. Briga por água, certamente daqui há 100 anos. Em rave? Apesar de reunir entre 10 e 20 mil pessoas, é raríssimo presenciar uma briga em uma festa destas.

Contudo, não tenho a mais tênue intenção de mudar a opinião de ninguém a respeito das raves, da cultura eletrônica, do aquecimento global, da violência escrachada ou do quer que seja, pois não permito que formem a minha posição sobre coisa nenhuma, afinal, penso e posso fazer isso sozinha. Porém, sugiro humildemente, que conheçamos as coisas antes de julgá-las. Encontrasse Narciso (o do espelho), e lhe aconselharia a fazer terapia.

No fim de cada frase, mais angustiante é imaginar quanta soda cáustica a gente bebe sem perceber, em cada coisa que ouve, vê e repete. Simplesmente repete. Sem ao menos mudar de canal.

Neste mundo tão rotulador os preconceitos vem embalados, prontos para usar. A bula, em branco se ausenta de ensinar. Meu ponto de vista? Pra quê, se este aqui vem num copo com limão e gelo?

A realidade da música eletrônica, é escrita em Inglês, Espanhol, Português, Japonês. Uma expressão de arte globalizada com seus “line ups, releases, Eps e day parties”, onde psy trance, minimal, techno, eletro, progressivo e etc são muito mais do que bate estaca e tecneira.

Há uma nova cultura em ebulição, uma cultura oriunda dos sintetizadores, da internet, da conjuntura tecnologizada, do cenário automático, do caleidoscópio elétrico-eletrônico, da vida digital. Da demanda física do contato com a natureza, quase sempre tão além.

Uma cultura que pede o calor do sol. O pulsar do dia, a liberdade a céu aberto, quando o dia- a- dia é tão fechado, cercado, cerceador. Tão cheio de limites, crueldades, patifaria em rede nacional. Uma cultura a ser estudada num futuro próximo, visto que reflete as necessidades de uma nova geração, a “geração web”.

Enquanto meia tonelada de gente se ocupa em criticar, outra porção se liga em produzir e inventar todo este universo que acompanha a vibração de um novo tipo de som, em que o contexto respira outro tom, da mesma cor, numa nova testura.

Expressão da arte atualíssima que já tem história nas pick-ups dos Deejays e produtores, nas planilhas de Excel dos organizadores. Centenas de Empregos diretos e indiretos. Trabalhadores deste Brazil com “z”, que oferecem um novo nicho de oportunidades a um povo tão carente de possibilidades. Nada mais que um rodeio, uma micareta, um show de rock, o carnaval.

Excessos, música alta, álcool, drogas, sexo, nesses lugares também tem tudo isso que, aliás, me remete aos bons e velhos conceitos cristalizados impregnados à juventude desde os tempos das cavernas.

Uma juventude rebelde como toda juventude é. Uma geração incompreendida como toda geração é. Um presente a fim de construir um futuro, conquistar alguma coisa, fazer algum sentido ainda que através da busca insana intrínseca a todo ser humano por preencher a tal lacuna, especialmente, quando se sente no direito e com poder de mudar o mundo.

O jovem sempre foi um ente censurado, é o que e lhe move e lhe dá motivos para continuar. Por favor e por amor, não paremos com esta censura! O Jovem precisa dela para tornar-se adulto e, amanhã, censurar seu filho. Não fosse isso, quem seriam nossos pais, o que seria de nós? Nos conflitos das gerações cresce a “passada”, que pensa saber tudo, cresce a presente tão cheia de não entender nada.

Daqui de cima deste palco onde rave é ganha pão honesto, venho convidar as pessoas a lembrarem da sua juventude, a conhecerem o que não conhecem e, principalmente, a terem vergonha de um país que vai sediar a copa, se escondendo na barra de uma farda preta.

SAT NAM ;)

2 comentários:

Gustavo Ferreira disse...

Interessante artigo sobre rave. Mas creio que é uma visão muito romantica da sua parte.

Por exemplo, conheço diversas pessoas que frequentam raves (não vou estigmatizar a comunidade toda, com as personas que eu conheço) não vejo nenhum deles tendo paciência para ler um artigo como o seu, muito menos escreve-lo.

Voce não fez nenhuma referencia as drogas que, discaradamente, são usadas pela comunidade. Drogas de alto custo! Pois é sabido que as festas raves têm frequentadores com um poder economico elevado.

Parabens pelo Blog!

Gustavo ferreira de Azevedo

Se der visite o meu, tem um modesto artigo sobre raves.

http://osbosques.blogspot.com/

Gustavo Ferreira disse...

OiPaula se não for exigir muito.
Voce poderia ensinar-me como colocar esse "previous posts" pois no meu so consigo colocar com a data e os posts do mes anterior nao aparecem.

http://osbosques.blogspot.com/

Abraco e sucesso!