É assim a poesia. Não aquela rebuscada, a de cada dia. Que vem da voz surda das coisas simples - por vezes saquinho voando, outras Bem-te-vi cantando - só pra atingir em cheio o plexo solar de gente que não se contenta.
A moça de blusinha esvoaçante atravessa a rua. O menino com seus fones de ouvido caminha gingando. O homem de mala preta e camisa social, sempre no celular. O babá leva o bebê pra passear. A sirene da ambulância berra e passa em disparada fazendo o neném chorar, a moça que atravessava se assustar, o menino que cantarolava parar, o homem ao telefone calar.
Todos versos do mesmo esquema, cada um versão lírica, virando algum fonema. É a vida que interage, interliga, conecta. Discreta, direta, harmoniosa e convexa.
Sem ninguém notar ela passa, escorrega, recita e recria seus mais belos tons em vezes de dia ensolarado, cachorro abanando o rabo, sorriso escancarado.
Acontece...
SAT NAM ;)
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