1.8.08

Parto II

Pois é...parto. Parto mais uma vez e reparto meu coração em tantos pedaços que, confesso, achei que seria mais fácil. Mas dói.

É impossível partir sem dor. Embora seja também incompatível partir sem coragem. Então, me cuido, me jogo e continuo.

A coragem põe a dor no colo e fala baixinho no ouvido da menina que chora a noite, quando a lua brilha e a irmã não está no quarto ao lado.

A dor põe a coragem no bolso, quando o metrô anda apressado, a cidade corre barulhenta, as palavras travam em algum lugar perto da garganta e a cabeça pensa: será que vou conseguir?

É então que o amor - sempre ele - pega ambas, dor e coragem, pela mão, mostra a vista da janela, o céu que não está tão azul, o vento que ensaia um balé de árvores e sonhos, os olhares tão necessitados daquela felicidade fácil que já se esqueceu de ter.

Mas não eu. Eu nunca me esqueço dela. De carinho de cachorrinha de manhã bem cedo, de telefonema de pai, abraço de mãe. De cerveja ou incerteza com as amigas. De risada fácil, de yoga plena, de cabeça blábláblá, respiração profunda e vida terna.

E por não me esquecer dessa felicidade simples, básica e absoluta, me acalento e me questiono se não teria sido mais fácil simplesmente ficar.

Nem por um segundo titubeio na resposta que certamente é um sim redondo. Redondo como os círculos das minhas tatuagens, redondo como nosso planeta Terra, redondo como as "Gestalts" que ficaram por aqui, outrora, junto com as malas e o visto negado.

Redondo como a redondeza de minha felicidade já tão conhecida, habituada e linda que pede mais profundidade, desconhecido e estranheza...cavuca com calma, perde a paciência, mas não perde a alma.

Que sem dúvidas, não há certezas. Apenas bençãos, milagres e vida.

Pois é...

Sat Nam ;)

Nenhum comentário: