14.8.08

Adpatação (Umbrella e terceiro olho)

Ufa...no fim das contas eu sempre sou salva!!!

Quando eu estava prestes a desistir - confesso, pensei MESMO nessa hipótese - a vida, que não sabe errar, começa a lançar seus salva-vidas individuais para me rebuscar.

Um dia pensando sobre arte. No Tate Modern (Museu de Arte moderna daqui de London) e minha inquietude- irritante pensou: Mas pra quê arte? Ela mesma se respondeu: Talvez seja a arte a única maneira que um ser humano tem der revelar ao próximo como é se-lô, e então, talvez seja assim a arte a única maneira que um ser humano tem de por algum olhar, mordida ou identificação, ser por um milésimo de segundo que seja um outro ser que não o seu. É, pois, a arte de um altruismo imenso, já que expondo-se permite que outro aprenda, compartilhe, descubra e de qualquer forma, registre sobre isso sua própria leitura e interpretação.

Arte é compaixão.

Compaixão que não existe num festival chuvoso, suposto dia no parque, contudo um dia Londrino e portanto, molhado, respingado, na tenda cheia, lotada, onde conseguir dançar depende da sua habilidade e categoria de fazê-lo mentalmente, já que duas pessoas, em tal situação, disputam o mesmo lugar no mesmo fucking espaço, no exato mesmíssimo tempo! O protagonismo do evento, então, fica divido entre os artistas e ela: UMBRELLA. Umbrella na tenda, dançando. Fora dela, cobrindo. No mocó, acobertando. Umbrella que não revela nada além do fato- fatídico: aqui, sua prensença é fundamental.

E o verão londrino acusa 14oC.

Enquanto isso, quero comprar minha passagem pro verão verdadeiro, real e absoluto no meu país onde 40oC a sombra em Janeiro é motivo de reclamação!!! Natal com areia de praia, cólo e cerva gelada...eu quero!

E quero também a certeza de que a opção por vir faz sentido. Rolo na cama, perco sono. O olho inchado entrega e a re-adaptação não nega. Embora a garoa caia, levanto cedo e vou. Para algum lugar desconhecido em busca de um Deus ou vários, de uma cultura de um país - que invade este daqui, e quiçá, o mundo todo - que admiro, respeito e em certos pontos me identifico: Índia!

No bairro em que "moro" provisóriamente, no trampo da Carol o chefe querido, no templo Swaminarayan (http://www.mandir.org/), o maior templo Hindu fora da ndia. Construído todo em Mármore, sem nenhum metal e apenas com trabalho voluntário.

O primeiro Deus que conheço ali, aos 11 anos saiu de casa e sobreviveu 4 anos descalça, sem roupas, dinheiro nem comida aos perigos da perigrinação até o Himalaia: frio, fome, animais e pessoas perigosas...depois meditou 40 dias apoiado em apenas uma das pernas e tornou-se uma verdadeira lenda para este povo que idolatra tantos Deuses ao mesmo tempo. Eu, por respeito escrevo seus Deuses em letra maiúscula e faço a reverência que conheço, palmas unidas em Angeli Mudrá, cabeça que abaixa discreta, com admiração.

Um laminha (ou algo parecido), me pergunta se conheço a religião e ante minha resposta negativa começa a destilar ensinamentos num inglês indianado que eu peço ao meu coração paira me ajudar a entender, já que a vontade de absorver aquilo tudo é tanta, que meus olhos enchem-se de lágrimas.

Ele tem a minha idade e resolveu há 1 ano devotar sua vida a Deus. Respeita todas as crenças, fica feliz por eu conhecer Ganesh, Shakti e Shiva e se emociona quando lhe digo que não quero ficar de costas para a sua divindade. Me ensina, trocamos. Palavras em um idoma que não é o nosso, mais que isso: trocamos pedaços descompassados de almas que querem um mundo bem melhor e acreditam nisso!

Aprendo que Buda é também um Deus Hindu - Butana - e que daí veio o Budismo. Uma corrente da religião mais antiga do mundo.

Ele me diz pra ter paciência e fé, afinal meu tempo não é o tempo de Deus. (E eu que sei disso e sempre esqueço!!!). Me aconselha a sentar ali mesmo e meditar, pedir tudo o que quero ao nosso Deus e esperar. Sem me desesperar. Tudo virá. Faço o que ele sugere. Me sinto bem melhor.

Passo um dia incrível, com garfadas orgânicas, amigos em português, goles de vinho rosé e Blues. Agradeço, ofereço malas (uma espécie de tercinho Hindu) às pessoas mais incríveis que convivo aqui e intuo: É esse o sentido da minha vinda.

É esse o sentido da MINHA VIDA!

Saio por aí de terceiro olho...Eu sou.

Sat Nam ;)

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