A vida me inspira e nunca acho tempo de sentar a bunda do dedo no teclado e destrinchar as estapafúrdias idéias que insandessem meu pensamento. Uma pena. A gramática começa a me fugir. Minha nova dialética é composta de várias línguas. Cada idioma diz melhor o que sente e quanto mais palavras aprendo mais sinto plena na tonelada infinita do que quero expressar. E não faço. Assisto de camorote as idéias passarem batido. Textos inteiros construídos no metro que se desfazem na poeira do dia que passa ligeiro. Tempo devorador de letras. Nem reciclar eu consigo. Sai o primeiro parágrafo não sai mais nada e tem tanto. Há uma frase. Há muitas frases. Conexões e grandes verdades que meu egoísmo ansioso de chupar o agora até o caroço, jogou fora. Olho pra tela branca. Gente de cabelo azul, sorriso melancólico, olhar misteiroso, futuro incerto, presente duvidoso. Todos os personagens numa aquarela ao meu dispor. Misturo as tintas das vidas de gente que não tenho a mais vaga noção do que faz. Piro e crio. O casal que vai se despedir em breve. A criança que vai ser feliz. O cachorro que sente no estomago o vazio que a falta faz. Não consigo mais deslizar os dedos. Tudo ficou complexo. Escrever já não é mais como era antes. Na urgencia da obrigação nosso relacionamento se desgastou. Sinto uma ponta de frustração. Um bocado de medo e um certo alívio. Talvez eu não seja mesmo escrevinhenta. Quem escrever de verdade não delira sobre não conseguir escrever. Ou delira? Só sei que estou com a síndrome do primeiro parágrafo. Sendo assim não posso mudar de linha.
Sat Nam ;)
3 comentários:
saiba que essa é a encruzilhada produtiva.Enquanto houver dúvida, ainda se pode criar.Qdo. só restarem certezas, o que mais buscar?
logo passa...
quem escreve, escreve...
quem não, lê e aprecia/
A melhor parte da leitura, pra mim, é quando alguém consegue dizer o pensamento que tá preso aqui dentro e não acha palavras pra sair... Mesmo com a sindrome do 1º parágrafo, vc foi absurdamente profunda em mim! Adorei!
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