17.5.08

Criatura de histórias

Ando com uma necessidade absurda de escrever. Tão absurda que não tenho escrito nada. Embora tenha descoberto.

Ando criando mentalmente textos maravilhosos sobre os mais variados temas: desde a amiga Clarinha, ao lado oculto do Amor, nada tem passado desapercebido aos meus atentos sentidos.

E não é que de repente uma lavoura inteira de coisas passou a fazer sentido!

Ás vezes pesado, outras horas leves, porém, tudo sempre encaixado.

Vou me emocionando com as entrelinhas do dia, a alma do livro, a simplicidade das coisas e o cólo da vida me parece, honestamente, o lugar mais acolhedor da Via Láctea.

Este tipo de coisa deve se dar ao fato - antes raro em minha vida - de um alinhamento total dos chacras. Sim, tal qual planetas, entre nadis e a correria dos dia-a-dias eles encontram algum caminho que a gente sem querer-querendo oferece e "pimba", nos devolvem algumas das mais ricas vivências.

Este tipo de alinhamento é uma verdadeira sensação de encaixe. Ressoa! Como se dentre as 2 toneladas de chaves a gente tivesse encontrado aquela que abre o portal. Como se entre milhares de camisetas com asas a gente finalmente tivesse achado aquela que nos veste tão bem. Até emagrece!

Daí eu sinto, penso, analiso. Filosófo, reflito e faço das minhas horas verdadeiras sessões intermináveis de terapia. Passeio por todas as linhas, faço Yung dar as mãos à bioenergética, coloco Freud olho no olho com Gestalt. Deito o Reike no divã, enfio Pablo Neruda, Clarisse Lispector, Platão e Cazuza todos no mesmo saco.

E danço.

E canto.

Saio fluida por aí compondo obras literárias fictícias completas só sobre o Real Sentido da Vida. Ivento um milhão de futuros. Poetizo todo e qualquer passado. Maquio o que for necessário, perdôo o que não era possível e me inundo de uma coragem leal e concreta pronta pra virar este monte de linhas que não diz nada pra ninguém e, no entanto, diz tudo pra mim.

Pés no chão.

É isso, sou uma autora preguiçosa que detesta fazer revisões, tem horror de trocar tudo que escreve pela versão melhor daquilo. Revisar. Re-visar. Revis-ar. Fico só com o ar. Respiro fundo pelo nariz, me concentro no ponto entre as sobrancelhas e não re-viso (quase) nada.

Prefiro a versão instantânea-espontânea. Quando os instintos estão á flor da pele da ponta dos dedos e o teclado vira o palco perfeito para o dedilhado compulsivo.

Desisto de querer ser mais. Eu quero agora. Quero falar de mim sem rodeios, sem classe literária. Quero contar o que experimento. Dedurar meus passos. Dividir minhas angústias nem que seja com esta tela. Registrar. Poder viver duas vezes, uma eu, outra ela.

Desisto de ser autora, enfim! Eu sou uma simples relatora de mim. E nesse agora só sei ser assim.

Tiro esta carapuça que não me serve e ao invés de vestir a capa pesada da frustração, respiro um alivio novo, certifico-me em "Auto-reportagem". Pros cambáu a métrica, a estética, a tétrica eu que só me crítica.

Sou um personagem real. Sou uma criatura de histórias.

Eu vivo. Eu sinto. Eu delato.

Eu, do meu jeito, pra mim. Pois a verdade é que a gente se esquece de 80% de tudo o que se passa e os outros 20% confundem-se entre si e seria uma pena se eu não lembrasse desse tanto tudo todo tendo tanto todo tudo.

Intensa e sinceramente, de mim pra Eu. Por que se não escrevo, não sou. Já que é nestas inspirações entre uma palavra e outra que encontro cada qual que é em mim.

SAT NAM ;)

Um comentário:

Anônimo disse...

este é um dos melhores que li.
p'alante siempre amiga mía! se reinventa como só ela.
amo amo