7.6.08

Licença Poética

( azul verde branco lilás traço preto)

Com licença poética você não pode dirigir, mas pode viajar. Você não pode ter um master card, mas pode ter todas as coisas que não têm preço. Você não pode doar sangue, mas pode doar alma, energia, vida.

Com licença poética você pode levantar da mesa quando o papo estiver lá pelos Ladens de Bush e Lula sem ser taxado de ignorante (afinal você é poeta). Você pode chegar um pouco atrasado sem levar a culpa por isso (já que você é artista).

Você pode mudar seu caminho dez mil vezes (por ser confuso). Pode usar cor-de-rosa com abóbora (pois você é autêntico). Tem o total aval para gargalhar em horas inoportunas (não sabe se portar). Tem descontos incríveis em qualquer tipo de teatro, exposição ou mostra (você é da classe). Pode alterar seus planos a qualquer momento (você nunca sabe o que quer).

Beber além da conta não é um problema (você não se controla). Falar além da conta é totalmente normal (tem tanto pra dizer). Sorrir além da conta é aceitável (ela é otimista!). Chorar também (ele é muito sensível).

Falar de amor pode. De comida pode. De sexo pooooooode. Falar de Luz pode, de Buda pode, de meditação pooooooode. Falar de arte pode, de si mesmo pode, da natureza pode, do outro não pó-dê.

Isto não pode de jeito nenhum. A licença poética te coloca num determinado pedestal social. Você é uma companhia interessante, uma amiga querida, um paquera misterioso, um filho alternativo, um aluno interessado, um colega diferente, um visinho ousado...agora, não venha você com essa sua tropicália modelo 2008 palpitar na vida alheia. Principalmente se este outrem não possuir licença poética.

Embora adorem sua exentricidade, os não portadores desta inteligência artística, jamais aceitariam um conselho seu, afinal, quem tem licença poética não têm o menor talento pra outra coisa que não as metáforas da vida.

Ah sim, há exceção. Eles lhe procurarão quando apaixonados. Com os olhos brilhando de compreenção acharão lindos os seus versos, embriagar-se-ão de seus fonemas, ficarão viciados em seus não-esquemas.

Até que o outro não os seja. Não exatamente aquilo que seu egoísmo fantasiado de amor esperava, então, nessa hora, eles rasgarão seus poemas, odiarão sua falta de métrica e retribuirão seus conselhos com a sentença: "coitado, é poeta".

Peço aqui, oficialmente, licença poética para poupar minha aura do sofrimento barato, oferecer meu coração e meus ouvidos a quem necessite, espalhar meu sorriso por aí a fora e conhecer cada cabide e cada gaveta do mundo, ser amor, dar amor, cantar amor, falar amor...amar!

E, por favor, não se esqueça de me criticar se eu por sequer um instante, esquecer de poetizar.

SAT NAM ;)

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